terça-feira, 25 de maio de 2021

N’um recôndito de si
























Vital tem n’um recôndito de si

um algo de rude, bruto, ignorante...

Se irrompe de repente em seus momentos,

e xinga, e agride,

às vezes até por motivo fútil,

ou por um mal-entendido.


Vital diz que esse algo,

rude, bruto, ignorante,

vem de tempos imemoriais,

ancestrais, pre-civilizatórios;

e que é ainda agravado

por uma educação deficiente;

convivência problemática;

carência de bem estar,

que propiciam plenas condições

para tais manifestações.


É, Vital mesmo reconhece,

e ainda fala em leis da física,

reações incontidas

a ações tais e quais:

quem recebe uma pedrada,

logo a devolve com bem mais força,

e assim vai batendo;

e assim vai apanhando,

e acumulando mais traumas,

que se vão tornando mais intenso

o algo rude em seu recôndito ,

e mais se vai embrutecendo Vital.

As reações a ações tais

vão gerando atitudes quais

por motivos tais e quais.

São rompantes incontidos

que vêm do seu recôndito,

agravado por propícias circunstâncias.

Quisera Vital poder neutralizá-los,

mas as circunstâncias não favorecem.


Tem quem pareça a encarnação

da mais meiga polidez.

Pois Vital também tem

um algo de doce,

amável e carinhoso,

em gestos e palavras;

inofensivo como um palhaço às crianças,

mas para Vital é garantido

que mesmo o padre mais fiel

tem a tal susceptibilidade;

a explodir em rudeza,

da brutalidade, da ignorância;

e tem ação agressora de tal poder

de fazer chegar como faísca

a este recôndito de si, pólvora seca...


Que está em todos,

Vital não duvida;

numa situação extrema,

inflamado os instintos mais primitivos

se manifesta consequentemente...


Claro que Vital adora as carícias;

desde aquelas primeiras,

maternas, paternas,

às carícias dos amores.

Sabe bem o bem que faz.


Claro que Vital aprecia bons sentimentos,

mais ainda se pelo amor gerados;

são serenos e inspiradores;

sabe bem o bom que é...


Mas não se fazem perenes

esses momentos de compreensão,

de entendimento, de respeito, de amor...


E o algo no recôndito está pulsando lá...

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