segunda-feira, 24 de maio de 2021

Triste

















Constatino não fumava,

não bebia,

não se drogava,

de forma nenhuma;

alimentação balanceada,

moderado no sal,

moderado no açúcar,

nada de fritura,

nada de gordura...

Praticava atividade física,

além de ioga e meditação,

leitura dinâmica

e memorização.

Estudava informática;

tomava aulas de violão,

entre outras atividades,

todas elas positivas,

além de ter estabelecido um objetivo,

visando a plena realização...



Aconteceu que em seu carro,

voltando de um dia de trabalho no escritório,

louco para chegar em casa,

para sua mulher e seu violão,

uma bala perdida de um tiroteio

entre policiais e bandidos em fuga,

os quais acabavam de roubar um supermercado,

atravessou-lhe o crânio,

decretando seu fim,

e o fim de tudo que era,

e de tudo que seria.





Podia ser este acontecimento

um fato comum, corriqueiro,

já banal no nosso dia-a-dia,

como de fato o é

de toda forma;

mas a particularidade

que mais chama a atenção nesta história,

que faz desta história

uma bruta ironia,

é que nosso personagem antes sucumbia no vício,

nos happy-hours que longe se estendiam;

nos fins de semana de farras em que invernava;

e se decaía, e decaía mais e mais às quedas,

com dormidas no chão,

entre outros vexames mais e tantos.

E todos só lhe esperavam o pior daquilo...

Dependente químico

que era caso sem solução...



Porém, espantosamente,

uma notável mudança

passou a ser percebida por todos,

admirados no nosso personagem,

pois houvera parado de beber

de fumar,

de se drogar;

houvera parado de mal se alimentar,

e se dedicava a atividades físicas

e outras atividades positivas.

E já vinha assim há meses,

na maior naturalidade;

não parecendo sofrer de abstinência

nem a força de vontade lhe pesar.

Nem se mostrava nervoso, irritadiço,

ou que padecesse qualquer outro efeito

decorrente da abstinência

- e até se permitia ir ao bar

cumprimentar os amigos

conversava um pouco,

tomava umenergético,

se deswpedia e ía pra casa.




Porém ainda com poucos meses

de seguindo seu novo caminho,

veio-lhe o fim nesta trágica forma,


que mesmo sua mulher, então feita viúva,

num momento de desabafo no velório,

clamou soluçante a desejar

que antes tivesse ele na farra,

saído do trabalho,

se jogasse no seu longo happy-hour

e isso não teria acontecido.



Quem contestaria

a chorosa viúva nessa sua tristeza,

a mãe de sus três filhos pequenos

que pela vida sentirão sua falta?

Quem?






Mas esta tal história

não está aqui ilustrada

para que se desestimule

atitudes de mudança de hábito

visando o bem estar.

Claro que é o melhor é não fumar,

não beber,

não se drogar,

bem se alimentar,

praticar ações positivas,




e ademais, é como ele mesmo dizia,

rebatendo àqueles que argumentavam

contra a sua ideia de deixar de consumir

substâncias nocivas,


argumentando que de uma forma ou de outra

todos vão morrer mesmo,

que o caso não era de morrer ou não morrer

mas de viver bem; viver o prazer do bem-estar,

que realmente vinha mal, cansado, sem fôlego,

sentindo já isso e aquilo,

mas o caso desse rapaz

é realmente triste.


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